Daqui pra frente

O céu sorri. O cheio de novidade inspira.

As coisas seguem seu curso e ele continua pra viver.

Já se deu conta de que é agora. Mas as raias, essas besteiras que passaram de frivolidades, meras convenções, seguem ponteando o ritmo.

Babe, o que que há? Será que já não chega dessa história de sorrir cordialmente?

Tão bom entender que, finalmente, as coisas se encaixaram. Precisou sacudir pra entender, e como foi importante exclamar em bom tom, mesmo que com a ajudinha dos olhos. Talvez fosse isso que ele esperasse o tempo todo.

Afinal, a vida continua.
E eu, meu bem, não vou ficar parada no meio da rua esperando que alguém me dê a mão.

Permancer

Uma vez me contaram duas situações sobre um sapo na frigideira:
Na primeira, você joga ele na panela quente; ele sente e pula.

Agora, se vc colocar o anfíbio na panela gelada e esquentar aos poucos, dizem que ele permance lá. E morre.

Eu sinto calor. E vontade nenhuma de ir a algum lugar.

Culpa da Claro

Chegou em casa exasperada. Pensou naquela frase do Cazuza: "Ah, vc não gosta de mim? Foda-se! Eu também estou por aí e sou MUITO mais gostoso".

Foi esse o velório que pensou ter prestado à última esperança.

Sentou em frente à sua máquina preferida de escapismo. Mudou de canal. Tentou entender essas músicas novas, até achar o show do tal do Rocco Deluca.
"É gatinho, deve tocar bem", pensou sem se dar conta do tsunami de carência.

Cansou, voltou ao quarto, onde tinha deixado tão neurótica-desencanadamente o celular na cama.

E não é que a luzinha de email/ mensagem cintilava?
Pegou o aparelho, como se nem ligasse pra mensagem que anunciava um possível sinal de vida.

Então, menidgando e, ao mesmo tempo, com o maior desdém do mundo abriu a mensagem.

... era da Claro, informando uma promoção imperdível.

Ela pensou, pensou, pensou.

Resolveu ligar.

- Boa noite. Eu quero cancelar AGORA essas propagandas estúpidas vcs ficam mandando pro meu celular.

Não era pra ser

eu ia escrever. aí, me arrependi.
não merece post não.

Eu não quero me arrepender




Nem o impacto daquele cenário; os corredores brancos, a impressão ruim daquele cheiro de remédio, de álcool e desinfecção puderam me distrair que estava fazendo lá.

Cheguei antes de todos os que iriam se encontrar lá para rezar o terço com a pessoa que, muito doente, já não voltaria para casa nunca mais.
Então, tive tempo de observar o vai e vem dos visitantes, pacientes e bastante tempo pra pensar sobre a fragilidade dessas coisas. Por exemplo: como era estar desenganada como ela.

Imaginei uma senhora, talvez já viúva - uma pessoa de outros tempos que estava quase pronta pra deixar este.

O que encontrei lá me deixou com a sensação que vai ficar por um tempo: uma mulher bonita e delicada que, mesmo com todo o desgaste dos remédios de tratamento de câncer em estágio avançado, não abria mão da vaidade. Porque seus cabelos estavam caindo, ela resolveu cortá-los e adotar o estilo moicano.
E sabe que lhe caiu muito bem?

Olhei pra ela e sorri, então ela retribuiu o sorriso dizendo:

- Que lindo o seu cabelo. O meu era igual.

Foi exatamente aí que eu parei desde ontem, quando saí daquele hospital.

A Marli tinha trinta e três anos e já não tinha a forças para ficar sentada em seu leito. Sua família comentou que estava muito revoltada e já tinha até corrido com dois padres que teriam tentado uma incursão em seu quarto.

- Já estamos conformados. - disse seu irmão fora do quarto, enquanto ela dormia.

Engraçado como uma doença dessas faz todos ao redor sofrerem tanto que, em certo ponto, sequer tem mais o cuidado da delicadeza no trato. A intolerância e o cansaço acabam tomando conta e é então que as pessoas cedem.

- Em seu caso, a cura é como tentar costurar gelatina, disse.

Eu saí de lá pensando que podia ser eu. A Marli nunca teve a oportunidade de casar, não teria filhos, nem nada daquela vida que a maioria das mulheres idealiza e se desespera tanto.


No fim das contas, a gente cria muros, obstáculos e estratégias incríveis pra se proteger do que realmente ansiamos. Afinal, qual a lógica nisso tudo?

Eu escrevo aqui pra mim. É aqui que me perdoo pelas coisas que fiz a mim e aos outros.

E a minha desculpa da semana é: até onde vamos seguir nos machucando, fingindo que é the next best thing continuar vagando por aí do jeito que convencionamos?
Tem um prazo pra essa história de seguir mostrando sinais sutis (alguns nem tanto) da urgência que gritamos por dentro e, mesmo assim, continuamos ignorando?

E se esse tempo estiver acabando?
E se eu descobrir um câncer amanhã?
no fim, bem longe já não tenho você.
Me diz se nunca mais.

dúvida





porque é que você não me traz à tona da razão pelos cabelos?

B.H.

A lua é quase cheia, e eu vazia.
As coisas ditas são as executoras... e só elas.
Essa morte lenta, cruel é tão merecedora dessa história; por favor, apaga a luz?
Eu fui tudo o que você sempre quis ou o que você simplesmente não esperava?
Nunca houve fotos nas paredes ou conversas interrompidas pra provar o sentimento.
Você foi bem sucedido em tudo o que planejou: começo, meio e, principalmente, o fim.
Essa dor, essa falta de conclusão, esse desvio, provocação... ah, essa espera eterna me condena.
Aparentemente a vida é mais complexa do que parece.
Sinceramente? Eu não aceito esse desassossego!
Quanto custa o teu sorriso?
O que a minha alma não deixa ignorar: é isso que quero possuir.

Pós trauma


Marta Medeiros

Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados: a carência, a saudade, a mágoa.

Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.

Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada. Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.

Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada? De achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?

Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.

Não era amor, era uma sorte.
Não era amor, era uma travessura.
Não era amor, eram dois travesseiros.
Não era amor, era de tarde.
Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo.
Não era amor, era melhor.

No messenger


******** diz:



*latinha de merda

*pessoas que nascem com lata de merda no pescoço

*aí nao aguentam o cheiro

*e ficam olhando os outros por cima

*sabe cm?

:: Juliana :: diz:

*adorei

*vai pro meu blog

******** diz:

*hahahahahahaha

*sim

*senhora hope me disse

*minha psico

*contou esta história

*evitar pessoas assim

Time after time


Um ponto. Dois espaços. As madrugadas vão, marcam sua essência e se desmancham.
A água vai, tudo passa; e, afinal, pra que eu escrevo?

Essa integridade da qual sempre falo, ideia de que não funciona desse jeito, sujeito e predicado sinônimos de aflição.

A felicidade é uma vadia, ela bate às portas e entra nas que se abrem.

... Nem sempre é a hora, se espera ou sequer se busca

Há tanto que sigo cumprindo a minha sina; é como um grande escritório burocrático: carimba, passa, protocola, esteira; analisa, reprova - arquiva (morto).

Essas lentes antigas não servem mais, elas me prejudicam a visão.

E o cego, aquele mesmo que não quer ver? Deve ser tão feliz...

A minha parte eu fiz; a tal da metade - sem rancor.

No fim das contas, a vadia sou eu. Posso entrar?

Obrigada, Martha

Sentir-se amado

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.
Martha Medeiros

Sobre nós


... can't help to feel that something inside has been broken

Sobre o adeus


Senti de longe mas não quero saber: pra mim só quero paz. No fim, bem onde já não tenho você, me diz se nunca mais?

É só me confirmar a frase mágica que eu vou entender. Não tem mistério já, eu posso suportar mais que um janeiro sem te ver.

E se a chuva faz florir o jardim, também tristeza traz...
Ouvi, o Rio ao longe chama por mim, adeus Minas Gerais.

Pois se quiser voltar mais esta página pagando pra ver. Já pode preparar as suas lágrimas, que as minhas ninguém vê!

Senti de novo mas não quero saber: eu não vou ligar pra você.

Ouviu? o Rio ao longe chama por mim; e, se eu for, não volto mais aqui.

Sobre a responsabilidade com o próximo

:: Juliana :: diz:
este é um mundo perverso

*** diz:
As pessoas fingem, constróem papeis. No fundo, todo mundo quer inventar algo pra sua vida e acaba levando os outros.

Sobre mim


You see, there is this lady in white... this satanic lady that just can't leave me alone. She stays in between, everywhere...
When I look at her it's like I'm nowhere but her side, it's like i've born to be there. So i'll just be.



... and it's too much sometimes

Sobre o Chico

Cadê Você?

Me dê notícia de você
Eu gosto um pouco de chorar
A gente quase não se vê
Me deu vontade de lembrar

Me leve um pouco com você
Eu gosto de qualquer lugar
A gente pode se entender
E não saber o que falar

Seria um acontecimento
Mas lógico que você some
No dia em que o seu pensamento
Me chamou

Eu chamo seu apartamento
Não mora ninguém com esse nome
Que linda cantiga do vento
Já passou

A gente quase não se vê
Eu só queria me lembrar
Me dê notícia de você
Me deu vontade de voltar