bom humor matinal



O dia não poderia ter começado melhor - um sonoro "BOM DIA, ESTÁ UM LINDO SOL EM CURITIBA, SÃO 9 HORAS" da rádio anunciava uma ponta de otimismo, bem daquele rotineiramente destestado.
- Tudo bem, também não sou o Gargamel da história, embora seja um dos meus personagens favoritos.
" Go with the flow", pensou.

E assim foi. Casa vazia, alguns ainda de férias, outros já tinham se levantado. Nada como começar bem uma manhã num silêncio deslumbrante, acompanhado com um dia frio de sol.

Parecia que, mesmo com tanto pra fazer e sendo janeiro (mês do ponto alto do verão), a conjunção era favorável.

Chegou à cozinha em seu traje favorito: camiseta e calcinha... ninguém pra reclamar, ninguém pra julgar ou pra medir as persistentes marcas...nem o novo creme havia funcionado!
Mas era mais uma boa notícia: a xícara nova de ovelinhas, linda, esperando para ser inaugurada com uma bela dose de café preto.

Mas o silêncio imperava demais, quase um ditador...

- Hoje não é dia da Neusa vir? - indagou alto...

Não veio... mesmo assim, havia mais uma boa notícia em menos de uma hora: o café da garrafa ainda estava quente...

A melhor das três mereceu um pulinho ridículo e um "oba" infantil...

Seguiu a caminho da porta de trás, em busca das notícias de ontem. Boas notícias, nada demáss. Bob brigando, imprensa ridicularizando, gente morta em Gaza, Mr. Mayor mandando ver, início da oficina de música... bla bla bla.

Foi então que lembrou que não era segunda, mas era dia de regime sim.

Não só pelo simples fato de a matriarca estar na praia e ter abandonado suas crias à própria sorte, ou pior, própria culinária, mas porque ela havia ganhado de uma amiga uma caixinha de bolotinhas mágicas, aquelas que vendem beleza em forma de desmanche de lipídios. SIM! Era a solução que ela procurava para uma das suas resoluções. HÁ! Quem disse que eu não consigo emagrecer? Agora vai!

Leu a bula mais ou menos. Amedrontou-se com a tarja preta na caixa, mas pensou naquela imagem horrenda do último lance de biquíni no espelho cruel e tomou a pílula com goles de coragem.

Incrível, como até nessa hora, foi capaz de fazer piada. Lembrou da amiga aconselhando: "Não beba, é um por dia e tem que ser de manhã, senão não dorme". Havia observado - quer dizer então que isso aqui diluído com gelo é melhor que Absolut?

Seguiu para a nova rotina.

Trabalho escravo em casa.

Senta essa bundinha semi-jovem no PC e manda bala minha filha, que essa água tá quase mais em cima que a dos desabrigados de Santa Catarina.

Se instalou confortavelmente numa cadeira antiga, de mau gosto, bordada pela falecida avó, que nada tinha a ver com a decoração do quarto e leu... leu das 10 às 17, só com pausa pro chá verde.

Pensou que estava seguindo os passos da jovem cantora da dupla The Carpenters (é assim?). "Ai, essa dieta do líquido é boa", pensou, prepotente, no alto das suas 5 horas de regime. "Já me sinto mais leve".


Aí passou a tarde, e o pobre vira lata - entediado - dormiu em todos os cômodos da casa, enquanto ela viajava em sua odisséia virtual.


A tarde passou e, durante o período, ela tornou-se uma ignorante.

Ignorou o mundo e o barulho, fechando a janela.

Ignorou a fome, tomando água.

Ignorou chamadas.

Ignorou pedidos.

Ignorou até promessas.


E, assim como a luz do sol, os acontecimentos foram se ofuscando. E bastou o toque estridente da campainha pra ela voltar pro mundo real... E foi desse jeito, como um sujeira varrida pra debaixo do tapete, que tudo voltou ao normal.


Mas amanhã tem mais. Quem sabe a previsão do tempo não lhe revela surpresas...

2 comentários:

Fernanda disse...

Jujuba!!
Gostei do texto!! A tua cara!! hehehe
Eu tô tentando vencer os problemas do meu blog pra poder adicionar fotos...
Beijão!! Saudades!!

Anônimo disse...

Juba, adoreiiiiii o texto. Sério guria, ficou muito bom!!!
Não deixa de escrever mais sobre suas peripécias.
Beijos
Analu