sobre o ciúme


basta pouco pra eu ficar insone, rondando a casa como um morimbundo: as sombras, sussurros, esse cheiro de noite ou a rua não preenchem uma lacuna.

eu sinto tesão, desarmonia, o sangue correndo; eu sinto o sabor das cores, uma raiva pulsante e tanto ódio do antigo, nem isso preenche uma lacuna.

eu passo horas buscando, ardendo, ignorando, esperando, mas a lacuna só faz aumentar.

eu quero nós sorrindo pra lástima alheia.

são esses planos sombrios de acabar com o resto, de te mostrar a minha visão distorcida e de você gostar que ficam enfatizando o óbvio na minha cabeça: somos nós...

ah, a lacuna se preenche com sangue, suor ou lágrima.

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