Decadence avec elegance


"Todas as noites são iguais: os meninos satisfeitos, as meninas querem mais. Sonhos caem como chuva. É tarde demais e eu não consigo dizer não"


Noite de sábado salpicada de eventos sociais, aliás, semana salpicada de enterros chiques, cerimônias elegantes e concluída com uma cereja de bolo que foi o lançamento de um cd na boite famosa ali na vicente machado.

Muita gente importante pra um lugar tão pequeno. Quer dizer, muita gente considerada importante, a maioria em função social nenhuma, provavelmente seria descartada por sociólogos que defendem que a pessoa tenha um papel na sociedade - sério!

Daí que o tal do camarote, composto por oito quadradinhos que piscavam luz azul tinha umas três pessoas por quadrado. Daí que eu tava com um sapato novo fabuloso capaz de aniquilar as terminações nervosas da planta do meu pé. Daí que não tinha onde me encostar. Daí que, como o pombal de rico tava cheio e só tinha um banheiro, e, pela lei natural das coisas, estávamos do outro lado, a ida ao pipi room era realmente uma desventura, cheia de piranhas e mãos bobas (bêbadas).


Se tem uma coisa que eu gosto realmente na minha vida é essa facilidade com que consigo me colocar de espectadora da vida e suas correlações. Por exemplo, a maioria do zé povinho presente lá ontem estudou, debutou, fez educação física comigo. Zé povinho meeeesmo. Os meninos, em sua maioria, uns playboys quebrados, apoiados por amigos que tem dinheiro e compaixão. As meninas meio desesperadas, meio com a maquiagem borrada, com umas roupas meio de cassino Las Vegas (tá, pode ser dançarina do faustão também). Meninas tão bonitas, com um futuro promissor, berrando no banheiro - "amigaaaaaa.... corri aqui vomitar e voltar pra lá. lembra daquele que jogava tênis no clube? nossa! tá morando em são paulo, tem uma pajero lá fora me esperandooooo", realmente romântico.

Talvez lugares assim, inflamados de fumaça, luzinhas piscantes, escuridão e solidão não tenham mesmo espaço pro romantismo, mas pra traição.

Diz meu irmão que a traição de homem é diferente da de mulher.
Segundo ele, os homens fazem pelo momento, sem se envolver nem querer machucar a oficial. E que as mulheres se envolvem, muitas vezes por vingança e é aí que pecam. São poucas as vezes em que concordo com o meu irmão e essa é uma delas.

Mas aí tb cabe uma reflexãozinha - os homens, normalmente veem o envolvimento como um problema, pq a satisfação está no prazer, quase que sempre, sexual. Já as mulheres buscam uma cumplicidade, carinho e todo aquele pacote que não estão tendo em casa.

A partir desse ponto, seria a traição da mulher mais honesta?

A traição está em todo lugar: naquela olhada pra bunda, no comentário maldoso, na ajuda intencional ao "colega", na ida ao banheiro demorada, nos emails de putaria e por aí vai.

Mas, por outro lado, quando nasce o interesse assim, de repente, um carinho genuíno, uma vontade grande de saber, conversar e estar com o outro, será que a traição não é ainda pior? Ou será que ignorar essa vontade é que é pior? a tal da traição a você mesmo...


não sei, não sei...nada como uma balada badalada num sábado à noite pra fazer pesquisa de campo.

2 comentários:

Fernanda disse...

Dona Juliana e seus textos altamente inspirados...
Adorei!!! hehehe
Beijokas estaladas!!!
Saudades...

Mi Matsuo disse...

Pesquisas de campo... Muito oportunas, eu diria..ahuahuauha. eeeee, Ju!!!!